Outro desafio do jornalista: a difícil tarefa de conciliar vida pessoal e profissional

4 fev

O jornalista, escritor, pesquisador, professor e comentarista esportivo Celso Unzelte, 41 anos, em entrevista coletiva realizada no último dia 3 de junho, conta como é complicada a tarefa de conciliar a vida profissional e pessoal numa profissão que exige tanto tempo e dedicação.

 

Celso Unzelte mantém uma rotina apertada: “[…] Na segunda de manhã, eu faço o boletim da rádio da ESPN […], eu gravo todos os jogos da semana de uma vez na segunda feira […] e às dez e meia eu to na ESPN gravando o É Rapidinho. Na terça – feira, eu tenho, em tese, livre, o dia inteiro livre, a exceção de uma vez a cada três semanas que eu faço o Ponta Pé Inicial das dez das manhã ao meio dia na ESPN. Na quarta eu dou aula aqui (Faculdade Cásper Líbero) pra vocês de manhã e a tarde é, teoricamente, livre. A quinta é teoricamente toda livre. Na sexta, oriento trabalho aqui (Faculdade Cásper Líbero)  de manhã, faço, pelo menos, a coluna do Yahoo […] e na sexta à  noite, to aqui dando aula pro pessoal da noite. Sábado é meu único dia sem nenhum compromisso mesmo, a não ser quando fechamentos inválidos… Domingo, eu faço o Diário do Comércio pra começar tudo de novo […] E tem pra corrigir, pelo menos, 600 trabalhos por bimestre […]”, além das revistas, consultorias e outros trabalhos que surgem esporadicamente, como lembra o jornalista, afirmando ser uma tarefa quase impossível conciliar família e profissão.

Casado com uma, também, jornalista, ele explica que só poderia ter se conjugado com uma profissional da mesma área, já que, durante anos, passou a maior parte de seu tempo nas redações das revistas e dos jornais nos quais trabalhava. Ele aponta que o lado negativo no fato de ambos seguirem a mesma profissão é o risco de constantemente conversarem assuntos sobre trabalho, como pautas, fontes, edições, fechamentos; e o lado positivo, é a facilidade de compreensão para com as dificuldades que envolvem a ocupação do jornalista: “Se eu ligar pra ela às cinco da manhã dizendo que a redação ainda não fechou, ela vai acreditar”, esclarece Celso, destacando a reciprocidade da situação. Pai de três filhos, Carolina, a mais velha, Beatriz e Daniel, Celso aponta a possibilidade de trabalhar em casa como um fator que favorece a família na hora de compensar a falta de tempo. “Eu e minha esposa conseguimos almoçar todos os dias com nossos filhos.”

Consagrado como o historiador do Corinthians, relata que a elaboração do Almanaque do Timão durante a infância da filha mais velha, prejudicou a presença do pai nessa fase de Carolina. “A infância mais tenra dela, ela perdeu o pai pro computador”, lamenta Celso justificando a densidade de trabalho na apuração dos dados necessários para escrever o livro.

Unzelte afirma que o bom humor com o qual a família encara as dificuldades decorrentes da intensidade dos afazeres é o segredo para o cumprimento de seu dever como pai e profissional de sucesso.

Deixando transparecer esse bom humor, o jornalista lembra que até há pouco tempo, quando dizia para Carolina que estava saindo para trabalhar, ela respondia: “Maldito Corinthians!”. O corinthiano fanático ainda brinca que a carência de horários para os filhos teve algumas consequências: a primeira delas foi a preferência das filhas pelo São Paulo como time para torcer. Seu filho caçula, Daniel, aquele que, nas palavras de Celso, “nasceu com a responsabilidade de ser corinthiano, depois de duas são paulinas”, possui ao lado da mesa do escritório do pai uma mesinha na qual ele brinca de jornalista.

Construir carreira jornalística não era seu sonho de menino. Quando criança, Celso desejava ser desenhista de histórias em quadrinhos. Ele conta que começou a pensar na possibilidade durante o colegial e que essa escolha envolveu a reunião de suas melhores aptidões: ler, escrever e falar. Hoje, apesar do desgaste provocado pela exigência da profissão, conta que seu trabalho traz realização profissional e ainda ressalta que a recomenda aos filhos. “Não só recomendo como faço força.” O entrevistado ainda ressalta que, embora seja difícil ganhar a vida como jornalista, continuará dedicado ao trabalho até quando sua saúde permitir. “Antes de tudo o cara tem que ter prazer em ser jornalista […] não é de dinheiro que eu to falando, é de satisfação pessoal, de ser uma pessoal melhor, que é, no fundo, o que eu sempre busquei desse troço aqui.”

 

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