Arquivo | fevereiro, 2011

Sobre Ética e Imprensa

1 fev

A importância de uma conduta louvável por parte dos meios de comunicação é destacada no livro que comenta e explica a ausência de preceitos éticos na imprensa

Em Sobre Ética e Imprensa, Eugênio Bucci, jornalista e doutor em comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, escreve sobre sua preocupação em relação ao exercício da ética no jornalismo. O livro fala a respeito do antagonismo entre os termos ética e imprensa em meio à atual cobiça por audiência e lucro por parte dos meios de comunicações. Em Ética e Imprensa, Bucci busca comprovar a necessidade de uma relação direta entre ambos os termos.

No livro, o autor apresenta uma reflexão acerca do verdadeiro papel da imprensa, afirmando que esta, na busca por audiência e lucro, deixa de criar nos leitores, telespectadores, ouvintes e internautas ideias capazes de estilular uma reflexão crítica dos assuntos que cercam o mundo. Para isso, Bucci propõe uma peculiar definição para o termo “ética”. Para ele, “ética”, é a capacidade de escolha entre o “bem” e o “bem” ou entre o “mal” e o “mal”, de acordo com a vontade populacional.Dessa forma, Eugênio Bucci trata a ética como indicador daquilo que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que podem afetar uma sociedade.

Eugênio Bucci analisa, principalmente a questão da ética nos meios de comunicação, uma vez que os jornalistas vem reuzindo sua conduta ética na profissão, que seria, oferecer ao público informações de qualidade e de credibilidade, em detrimento da concorrência diária por por audiência e pela necessidade de anunciar um fato antes da concorrência. Além disso, aquestão da ética é tema de preocupação do autor do livro, uma vez que o monopólio das empresas de comunicação instalou o domínio do espetáculo e do entretenimento nas redações jornalísticas.

São através de exemplos práticos que Bucci explica como as atitudes éticas podem ser aplicadas. O autor aborda, por exemplo, a ética na imprensa de acordo com as especificidades e necessidades de cada meio de comunicação, como jornais impressos, revistas, telejornais, radios e internet. Também, apresenta exemplos capazes de expor sua preocupação em relação à imprensa. O episódio no qual o Jornal Nacional da Rede Globo exibiu uma reportagem sobre a comemoração do aniversário de São Paulo em 25 de janeiro de 1984, quando, na verdade, o motivo da reunião populacional em plena Praça da Sé era um comício pelas “Diretas Já”, é um exemplo dessa inquietação.

Bucci ainda trata sobre as diferenças entre mídia e imprensa. Dessa forma, explica como a mídia, dominada por interesses empresariais e caracterizada pelo entretenimento e ficção, interfere na imprensa, comprometendo a transmissão factual das informações. Determinado pelos preceitos midiáticos, o texto jornalístico passa a sensacionalizar, omitir e distorcer acontecimentos de interesse popular, deixando de exercer sua função de informar e democratizar.

Como ressaltou Bucci, além dos interesses econômicos e midiáticos, a imprensa também recebe influência dos vícios e virtudes de seus profissionais. Nesse contexo, o autor apresenta os sete pecados capitais do jornalismo: a distorção deliberada ou  inadvertida, o culto das falsas imagens, a invasão da privacidade, o assassinado de reputação, a superexploração do sexo, o envenenamento das mentes infantis e o abuso de poder. Vale dizer que, é através desse pecados, que Bucci descreve como seria o “jornalismo perfeito”. Para ele, o repórter ideal seria aquele que não apresentasse qualquer ideologia pré-estabelecida, garantindo, assim, a imparcialidade completa. Nesse contexto, o autor chama lembra que nem sempre é possível oferecer a verdade irrevogável ao leitor, porém, lembra que isso não impede  a transmissão de informações confiáveis, uma vez que o leitor não espera um jornalismo infalível, mas sim informações confiáveis.

Em seu livro, Eugênio Bucci buscou tratar o tema de forma acessível de modo que o público comum, o maior interessado em informações de credibilidade, pudesse refletir sobre o assunto. Dividido em cinco capítulos, o autor abre o livro questionando o sentido de se falar em ética na imprensa e, apesar de não esclarecer uma resposta definitiva, faz questão de ressaltar que considerá-la uma discussão sem importância significa o mesmo que ignorar o compromisso com o público. Sobre Ética e Imprensa faz refletir sobre a necessidade da discussão sobre a ética na imprensa e sobre a importância de mudanças práticas na atuação dos jornalistas. O livro apresenta-se como um elemento importante para o profissional da comunicação e para leitores interessados numa imprensa de creedibilidade e comprometida com os fatos.

 

Turismo de estudantes

1 fev

Poder estudar fora é uma oportunidade que não deve ser dispensada. É uma experiência única na qual o estudante entra em contato com outras culturas, aprende ou aperfeiçoa um segundo idioma, além de ganhar amadurecimento pessoal e profissional. O preparo de uma viagem, porém, exige muitos detalhes que devem ser acompanhados de perto por aquele que vai viajar. O primeiro ponto a ser considerado é o tipo de curso que deseja fazer e o segundo, a escolha do país e o tempo de duração do intercâmbio.

É ideal que o estudante pesquise qual país possui as melhores escolas e cursos na área. Fatores como cultura, clima, metodologia da escola e o câmbio da moeda são de extrema importância e também devem ser levados em consideração.Para escolher a escola, é necessário verificar se ela é registrada e certificada por órgãos educacionais.

A reserva do curso deve ser feita antecipadamente para garantir a vaga do estudante. Além disso, o fechamento da viagem deve ser realizado com antecedência para que haja tempo de preparar as malas e documentos. É preciso ficar atento, pois muitos países exigem documentos burocráticos de permissão de entrada no país. Além disso, o estudante precisa estar preparado para encarar as temperaturas frias ou quentes demais, características dos países mais requisitados pelos interessados.

A escolha da hospedagem é, também, um quesito que exige cuidados especiais. O lugar tem ser confortável, seguro e, de preferência, oferecer possibilidades de refeições. Existem várias alternativas de hospedagens. As mais solicitadas e confiáveis são as casas de família e as residências estudantis. Nas casas de família, o estudante ocupa um quarto alugado e participa das atividades diárias da família. Em geral, nessas casas, as refeições são inclusas no pacote e o contato do estudante com a cultura local é bastante intenso. As residências estudantis são indicadas para curso de pouca duração e para jovens com idade superior a 18 anos. Nelas, o estudante tem a oportunidade de dividir quartos com outros alunos e conhecer a cultura de diversos países.

Tudo isso tem que ser analisado levando em conta os gastos para que os investimentos sejam realmente válidos.  Além do dinheiro para as passagens, hospedagem, alimentação, curso e transporte, o estudante deve reservar um dinheiro extra para passeios do dia-a-dia. Conhecer cidades e viajar dentro do país fazem parte dos programas de intercâmbio e são importantes para o conhecimento cultural do aluno.

A melhor opção para quem deseja fazer esse tipo de viagem é através da contratação do serviço de agências especializadas. As agências são mais confiáveis e garantem uma viagem tranqüila e bem sucedida. Elas oferecem inúmeras opções de lugares, hospedagem e escolas confiáveis, além de dar dicas sobre cultura, gastos e passeios no país escolhido. Além disso, quando o estudante já estiver em outro país, a agência continuará auxiliando caso ocorra algum problema.

É uma experiência que só traz benefícios para o estudante. Existem inúmeras opções de programas de estudos. Elas variam entre curso de idiomas, colegial e trabalho remunerado ou voluntário acompanhado de estudos. A duração varia de semanas a anos, de acordo com o desejo e necessidade do estudante. É possível programar uma viagem com custos acessíveis adequados às condições do interessado.

 

Pelas mãos de Ruy Castro, a história de um anjo pornográfico

1 fev

“Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico”.

O Anjo Pornográfico: A História de Nelson Rodrigues, de Ruy Castro, traz em detalhes momentos da vida e fatos que cercaram a criação das obras de Nelson Rodrigues. Para contar a história real desse importante jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro, o autor realizou inúmeras entrevistas com cerca de 125 pessoas que conheceram e se relacionaram intimamente com Nelson e sua família. O Anjo Pornográfico traz a reconstrução de uma história capaz de emocionar, divertir e chocar.

Nelson Rodrigues é reconhecido por introduzir o modernismo no teatro brasileiro e pela capacidade de expor em seus textos as mazelas do cotidiano da sociedade brasileira. Além disso, seus escritos estamparam páginas dos principais jornais do país e até hoje surpreendem os interessados em sua obra. Por isso, não é difícil entender o interesse de Ruy Castro em desvendar os segredos dessa importante figura, que por muitas vezes foi julgado como reacionário, louco, gênio e tarado.

O Anjo Pornográfico prioriza as descrições minuciosas dos episódios da vida do escritor, fazendo o leitor entrar na expriência vivida pelo biografado. O autor cumpre essa tarefa com mérito, principalmente pela preocupação em apresentar o contexto histórico no qual Nelson encontrava-se inserido. Durante a narrativa, o autor expõe os acontecimentos políticos, artísticos, culturais e econômicos da história do Brasil, relacionando-os com as histórias da vida privada de Nelson Rodrigues. Na Revolução de 30, por exemplo, com a vitória de Getúlio Vargas, Crítica, jornal do pai de Nelson, foi invadido e fechado.

A maneira como Ruy Castro escreve seu livro permite perceber e sentir que a vida de Nelson Rodrigues foi mais agitada que qualquer uma de suas “cabulosas” histórias como “Vestido de Noiva” e “A vida Como ela É”. As desventuras da família Rodrigues influenciaram a obra de Nelson: a tragédia, a religião e a pornografia, constantes no seu cotidiano, marcam o trabalho do escritor que frequentemente usava amigos, vizinhos e amores em suas obras. Episódios como a morte dos irmãos e do pai, a tuberculose, as crises financeiras, por exemplo, explicam a criatividade dramática derivada das experiências de vida do biografado.

Além disso, O Anjo Pornográfico apresenta parte da história da imprensa e do jornalismo brasileiro da qual Nelson Rodrigues e sua família fizeram parte. Mário Filho, jornalista e pai de Nelson, foi fundador e dono de dois jornais brasileiros: A Manhã e Critica. Aos 13 anos em A Manhã, Nelson iniciou sua carreira jornalística na seção policial. Mais tarde, colaborou com veículos como Correio da Manhã, Última Hora, Jornal dos Sports, Manchete Esportiva, Jornal do Brasil, O Globo, entre outros. Neles, escrevia crônicas, contos, folhetins, artigos opinativos e comentários esportivos, unindo o jornalismo e a literatura de uma maneira que somente Nelson Rodrigues sabia fazer. Ruy Castro, em seu livro seleciona e conta importantes passagens de Nelson em cada um dos veículos, já que o jornalismo foi o responsável por importantes mudanças importantes em sua vida.

As 464 páginas de O Anjo Pornográfico oferecem uma leitura fluída e prazerosa, especialmente pela maneira clara e leve como o autor escreve. Além disso, os capítulos do livro, escritos em 3ª pessoa, terminam sempre com uma referência ao capítulo seguinte, mantendo assim o interesse e curiosidade do leitor que é estimulado a ler as próximas páginas. O texto é rápido e dinâmico, uma vez que as histórias, além de interessantes, são contadas em ordem cronológica e relacionadas durante os capítulos. O simples fato de o livro contar a história de Nelson Rodrigues, um brilhante e incompreendido jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro, já se constitui num grande motivo para se escolher a leitura de O Anjo Pornográfico.