Sobre Ética e Imprensa

1 fev

A importância de uma conduta louvável por parte dos meios de comunicação é destacada no livro que comenta e explica a ausência de preceitos éticos na imprensa

Em Sobre Ética e Imprensa, Eugênio Bucci, jornalista e doutor em comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, escreve sobre sua preocupação em relação ao exercício da ética no jornalismo. O livro fala a respeito do antagonismo entre os termos ética e imprensa em meio à atual cobiça por audiência e lucro por parte dos meios de comunicações. Em Ética e Imprensa, Bucci busca comprovar a necessidade de uma relação direta entre ambos os termos.

No livro, o autor apresenta uma reflexão acerca do verdadeiro papel da imprensa, afirmando que esta, na busca por audiência e lucro, deixa de criar nos leitores, telespectadores, ouvintes e internautas ideias capazes de estilular uma reflexão crítica dos assuntos que cercam o mundo. Para isso, Bucci propõe uma peculiar definição para o termo “ética”. Para ele, “ética”, é a capacidade de escolha entre o “bem” e o “bem” ou entre o “mal” e o “mal”, de acordo com a vontade populacional.Dessa forma, Eugênio Bucci trata a ética como indicador daquilo que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que podem afetar uma sociedade.

Eugênio Bucci analisa, principalmente a questão da ética nos meios de comunicação, uma vez que os jornalistas vem reuzindo sua conduta ética na profissão, que seria, oferecer ao público informações de qualidade e de credibilidade, em detrimento da concorrência diária por por audiência e pela necessidade de anunciar um fato antes da concorrência. Além disso, aquestão da ética é tema de preocupação do autor do livro, uma vez que o monopólio das empresas de comunicação instalou o domínio do espetáculo e do entretenimento nas redações jornalísticas.

São através de exemplos práticos que Bucci explica como as atitudes éticas podem ser aplicadas. O autor aborda, por exemplo, a ética na imprensa de acordo com as especificidades e necessidades de cada meio de comunicação, como jornais impressos, revistas, telejornais, radios e internet. Também, apresenta exemplos capazes de expor sua preocupação em relação à imprensa. O episódio no qual o Jornal Nacional da Rede Globo exibiu uma reportagem sobre a comemoração do aniversário de São Paulo em 25 de janeiro de 1984, quando, na verdade, o motivo da reunião populacional em plena Praça da Sé era um comício pelas “Diretas Já”, é um exemplo dessa inquietação.

Bucci ainda trata sobre as diferenças entre mídia e imprensa. Dessa forma, explica como a mídia, dominada por interesses empresariais e caracterizada pelo entretenimento e ficção, interfere na imprensa, comprometendo a transmissão factual das informações. Determinado pelos preceitos midiáticos, o texto jornalístico passa a sensacionalizar, omitir e distorcer acontecimentos de interesse popular, deixando de exercer sua função de informar e democratizar.

Como ressaltou Bucci, além dos interesses econômicos e midiáticos, a imprensa também recebe influência dos vícios e virtudes de seus profissionais. Nesse contexo, o autor apresenta os sete pecados capitais do jornalismo: a distorção deliberada ou  inadvertida, o culto das falsas imagens, a invasão da privacidade, o assassinado de reputação, a superexploração do sexo, o envenenamento das mentes infantis e o abuso de poder. Vale dizer que, é através desse pecados, que Bucci descreve como seria o “jornalismo perfeito”. Para ele, o repórter ideal seria aquele que não apresentasse qualquer ideologia pré-estabelecida, garantindo, assim, a imparcialidade completa. Nesse contexto, o autor chama lembra que nem sempre é possível oferecer a verdade irrevogável ao leitor, porém, lembra que isso não impede  a transmissão de informações confiáveis, uma vez que o leitor não espera um jornalismo infalível, mas sim informações confiáveis.

Em seu livro, Eugênio Bucci buscou tratar o tema de forma acessível de modo que o público comum, o maior interessado em informações de credibilidade, pudesse refletir sobre o assunto. Dividido em cinco capítulos, o autor abre o livro questionando o sentido de se falar em ética na imprensa e, apesar de não esclarecer uma resposta definitiva, faz questão de ressaltar que considerá-la uma discussão sem importância significa o mesmo que ignorar o compromisso com o público. Sobre Ética e Imprensa faz refletir sobre a necessidade da discussão sobre a ética na imprensa e sobre a importância de mudanças práticas na atuação dos jornalistas. O livro apresenta-se como um elemento importante para o profissional da comunicação e para leitores interessados numa imprensa de creedibilidade e comprometida com os fatos.

 

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