Os limites da realidade

4 fev

A dissertação a seguir foi construída a partir da leitura dos textos “Barranquilla e 50 anos de solidão”, de Walter Salles; “A fábula dos três repórteres”, de Luiz Costa Pereira Junior e “Como confiar em fotografias”, de Peter Burke

Invenções como o rádio, a televisão, o cinema e a internet trouxeram o que hoje é chamado de “conhecimento mediático”, ou seja, aquele conhecimento que é mediado pelos meios de comunicação. Embora seja uma espetacular possibilidade, uma vez que proporciona quantidade colossal de informações, é preocupante, pois, muitas vezes, a experiência direta e a “vigilância epistêmica” são ignoradas pela sociedade que passa a aceitar como verdade tudo que lê ou vê na mídia. É nesse contexto que se encaixa a reflexão a respeito do papel do jornalista e os valores que devem nortear sua atuação.

O relato do texto “Barranquilla e 50 anos de solidão”, de Walter Salles, conta como diferentes opiniões podem surgir de acordo com o grau e familiaridade com certo assunto, além de destacar a relevância do contato com a realidade para o profissional de jornalismo. Melhor compreensão e maior credibilidade nasceram para com o texto após a experiência direta de repórteres. Porém, mesmo com o contato direto, as visões sobre os fatos podem ser diferentes, como conta o texto “A fábula dos três repórteres”, de Luiz Costa Pereira Junior. Ele mostra como a experiência pessoal de cada um pode influenciar a percepção e a compreensão daquilo que testemunha. O leque de dados disponíveis possibilita abordar uma mesma história a partir de pontos de vista distintos, com ou sem a intenção de manipulação.

Não bastasse a influência da experiência pessoal, há também as determinações técnicas e sociológicas e os interesses econômicos do veículo. Os limites de espaço e de tempo e a necessidade de publicar uma matéria para impressionar a concorrência e o público são empecilhos para a atuação objetiva e honesta do jornalista.

O “conhecimento mediático” faz com que vivamos num “mundo” contado por jornalistas, já que a eles foram incumbidas as funções de apurar, narrar e selecionar os acontecimentos a fim de recriar a realidade, determinando o valor e a importância de cada fato. Por isso, como realça o texto “Como confiar em fotografias”, de Peter Burke, apesar das facilidades oferecidas pela mídia, os processos de pesquisa, análise e crítica são fundamentais numa sociedade pragmática e saturada de conhecimentos. Aceitar como verdade tudo que é irradiado pelos meios de comunicação é deixar-se manipular ou enganar por muitas informações.

Aprender a trajetória dos meios de comunicação e compreender quais motivos levaram a atuação jornalística ser como é atualmente, além de checar, ordenar e contextualizar o volume de informações com objetividade, imparcialidade e compromisso com as fontes e com o público é uma forma de contribuir com a democracia.

Deixe um comentário