O cotidiano aos olhos de Rubem Braga

7 out

"200 Crônicas Escolhidas"200 Crônicas Escolhidas, jóia de Rubem Braga, é uma reunião das melhores crônicas produzidas pelo autor entre 1935 e 1977, ano de seu falecimento. Baseado na seleção feita por Fernando Sabino, amigo e escritor, foi o próprio Rubem Braga quem escolheu os textos que compõe o livro.

Nascido em 1913, Braga efetivou-se na literatura brasileira, sobretudo como cronista. Para ele, a crônica compunha uma maneira única e complexa de expressar sua visão do mundo e de manifestar certos valores.

Rubem Braga destacou-se na época do Movimento Modernista quando a crônica ainda era considerada um estilo de pouco destaque. Foi ele, oscilando entre narrador de histórias e escritor de revistas e jornais, que atribuiu a essa maneira de escrever um valor antes nunca conquistado.

Rápidas e de fácil assimilação por seu tom de conversa e prosa limpa, ele se inspira nos eventos do cotidiano, especialmente do Rio de Janeiro de seu tempo, acrescentando-lhes ficção e fantasia, inerentes à crônica. Por essa razão, posiciona-se entre o Jornalismo e a Literatura, podendo ser considerado o poeta dos acontecimentos diários.

200 Crônicas Escolhidas apresenta fragmentos de uma “história menor”, distante dos grandes fatos memoráveis, os quais consegue transformar na mais alta poesia. Apesar de retratar a realidade que testemunhou ao longo de sua vida a partir do seu ponto de vista, seus textos encantam pela simplicidade e pela universalidade dos temas abordados.

Utilizando-se de linguagem coloquial num estilo aparentemente humilde e, muitas vezes, bem humorado, ele fala espontaneamente das pessoas, das cidades, das viagens, das mulheres, dos amores, da natureza, dos sentimentos, das inquietações, da infância, da juventude e dos lugares. Sua capacidade de demonstrar o amor pela vida e a preocupação pelos episódios que cercam o dia-a-dia das pessoas explica o interesse despertado no ato da leitura do livro.

A alternativa literária utilizada pelo escritor para descrever os acontecimentos invade o imaginário do leitor, fazendo-o transcender para a situação narrada no livro. Em seu registro da vida, Rubem Braga faz representação temporal dos eventos do passado numa tentativa de recuperá-los ao presente, escapando da “corrosão dos anos”. Somente um escritor com o talento e a sensibilidade de Braga é capaz de explicar o mundo com a clareza, os detalhes e a personalidade que ele faz.

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